O Semae (Serviço Municipal de Água e Esgoto) firmou parceria com a Adealq (Associação dos Ex-Alunos da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz) para pintura do reservatório de água localizado à praça Dr. Érico da Rocha Nobre, na confluência das avenidas Independência e Pádua Dias, em frente à Esalq. A previsão de conclusão dos serviços é para o fim do mês de outubro.
Construído em 1983, o reservatório tem capacidade de armazenamento de 500 metros cúbicos; é, praticamente, um marco em Piracicaba, não apenas por estar em uma das entradas da cidade, mas por ter estampado o A Encarnado e a aranha (leia abaixo a história). O objetivo dos serviços é restaurar a pintura externa e, principalmente, os dois símbolos.
Reservatório construído em 1983 se localiza em uma das entradas de Piracicaba e acabou se tornando um marco na cidade pela história e curiosidade dos símbolos pintados (Warwick Manfrinato)
A ideia da parceria surgiu dos ex-alunos da turma de 1987 da Esalq, como forma de celebrar os 35 anos de formatura, a serem completados em 2022. A pintura, inclusive, agora contará com a estampa F87, em alusão à turma de formandos.
Darcy Lázaro Ganzella Junior, diretor do Departamento de Construção Civil, Oficina e Transporte (DCCOT) do Semae, conta que, da parte da autarquia, além da liberação para a pintura, foram cedidas as latas de tinta. Para a Adealq ficou a responsabilidade da contratação de mão de obra da pintura completa, logo do Semae, o A Encarnado e a aranha.
?Quando uma cidade tem alguns ícones e consegue-se reunir pelo menos dois deles, o ganho é imenso. Neste caso, em particular, a profícua parceria entre Semae e Esalq para a manutenção de um símbolo como a aranha pendurada no A Encarnado, pintados no reservatório que recebe as pessoas que chegam a Piracicaba, transcende uma simples manifestação cultural e torna-se representativa de um povo e sua história. O Semae e seus funcionários sentem-se orgulhosos de poder contribuir com a turma que completa 35 anos de formados do curso de Agronomia, da Escola Superior, que é referência nacional e internacional, caracterizado como importante polo de desenvolvimento industrial e agrícola?, comentou Ganzella.
Previsão para conclusão da pintura do reservatório é para o final de outubro (Isabela Borghese)
Warwick Manfrinato (Wick), engenheiro agrônomo e mestre em ciências nucleares, é um dos ex-alunos formados em 1987 e que vivenciou toda a história do surgimento dos símbolos no reservatório. E foi justamente um dos formandos de 87, Decio Suzuki, o Kaki, o responsável pela pintura da aranha, na ?calada da noite?. ?O Kaki, da nossa turma, foi quem desenhou o A Encarnado e a Aranha. Em uma noite fatídica, subiu o reservatório, proibidamente, e desceu por corda de rapel, ajudado por alguns amigos, fazendo a primeira versão. Alguns anos depois, o reservatório foi pintado e a aranha acabou sendo apagada. Os alunos se rebelaram e então houve o início de um primeiro diálogo com o Semae para manter os símbolos. Aí fez-se a segunda versão da aranha que perdura até hoje. Agora, para restaurar a pintura, a turma se organizou para contratar a mão de obra?, contou.
Manfrinato ainda relatou que ele, acompanhado da presidente da Adealq, Helena Liva Ribeiro Braga (Troia), foram os responsáveis por alinhar o acordo com o Semae, com o respaldo de toda a turma.
?De certo modo, essa é uma maneira de recuperar essa história e perenizá-la. O Semae reconheceu essa história de uma forma carinhosa, o que deixou a turma dos ex-alunos extremamente sensibilizada e contente. Um outro aspecto que buscamos também é atuar para que os dois símbolos sejam considerados patrimônios imateriais das culturas esalqueana e piracicabana?, complementou o engenheiro agrônomo.
Os formandos de 1987, a turma F87, que completam 35 anos de formados em 2022, definiu acordo com o Semae para a pintura do reservatório (Warwick Manfrinato)
O A ENCARNADO E A ARANHA ? Na história contada pelos esalqueanos, o A encarnado surgiu em meados de 1931, quando o estudante de agronomia Ismar Ramos, na intenção de criar um símbolo para representar os atletas da Esalq, observou, nos contornos de um sapo, o que parecia uma letra A. A ideia tomou forma quando desenhou a letra em tom vermelho carmim, que logo passou a estampar os uniformes de times da Associação Atlética Acadêmica Luiz de Queiroz (AAALQ).
O nome A Encarnado é creditado ao jornalista Delfim Rocha Netto, que batizou o logo, além de ser um dos principais responsáveis por divulgar o símbolo atrelado à Esalq.
Já o símbolo da aranha começou com Philipe Cabral de Vasconcelos Filho, em 1934, que, ao buscar material para um trabalho de botânica, encontrou uma pequena aranha tendo no dorso do abdômen a letra A, naturalmente desenhada, semelhante ao A criado por Ramos três anos antes.
A descoberta não foi apenas curiosa, mas se tratava também de uma nova espécie ainda não catalogada, e ganhou, do professor Piza, o nome de Metadiaea litterata. Anos mais tarde, foi assumida como mais um símbolo esalqueano.